O teletrabalho segue ganhando espaço em diversos setores empresariais ao redor do mundo, mesmo após a retomada da jornada normal de trabalho após a pandemia de Covid-19. Dados do IBGE indicam que quase metade das empresas industriais com 100 ou mais funcionários adotou o trabalho remoto em algum grau em 2022.
É importante a compreensão que, ainda que a definição de teletrabalho seja a realização da função laboral fora do ambiente físico da empresa, com apoio tecnológico, o que realmente caracteriza o trabalho remoto é a relação empregatícia (isto é, sujeita às normas da legislação trabalhista) entre empregador e empregado que trabalha fora das dependências do empregador.
A Pesquisa de Inovação Semestral 2022: Tecnologias Digitais Avançadas, Teletrabalho e Cibersegurança (Pintec) divulgada pelo IBGE informa que das empresas na área de administração que operaram digitalmente em 2022, 94,5% implementou o teletrabalho em algum grau. Dessa amostra, 49,7% eram empresas com 100 a 249 funcionários, enquanto as empresas de porte maior (500 ou mais pessoas ocupadas) representaram 27,9%.
Logo em sequência, as áreas de comercialização e desenvolvimento de projetos, produtos, processos e serviços tiveram 85,7% das empresas migrando para o teletrabalho. Ainda segundo dados do IBGE, dos setores que mais utilizaram o trabalho remoto em 2022 destacam-se: fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (83,6%), fabricação de bebidas (83,2%) e fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (72,6%).
A área de produção foi a que teve menor aderência ao teletrabalho, com apenas 38,7% das empresas optando pela modalidade. Destacaram-se com baixa frequência de adeptos os setores de confecção de artigos de vestuário e acessórios (28,3%), preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calcados (25,9%) e fabricação de produtos do fumo (21,2%).
O teletrabalho só é possível através do apoio da tecnologia digital e, por esse motivo, o aumento da utilização de ferramentas digitais é diretamente relacionado ao aumento de adeptos do trabalho remoto – em 2022, 84,9% (8.134) das 9.586 empresas industriais do Brasil com 100 ou mais pessoas ocupadas utilizaram pelo menos uma tecnologia digital avançada.
A pesquisa indica que o uso das ferramentas de tecnologia digital avançada traz benefícios concretos, como uma maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais, além do aumento de eficiência.
Dentre as tecnologias, a mais comum foi a computação em nuvem (73,6%), seguida pela internet das coisas (48,6%), robótica (27,7%), análise de big data (23,4%), manufatura aditiva (19,2%) e inteligência artificial (16,9%). Ainda segundo o IBGE, 31,5% das empresas utilizaram duas tecnologias e 27,7% 28% utilizaram apenas uma; e somente 3,7% das empresas fizeram uso de todas as tecnologias investigadas.
Por outro lado, os principais fatores que dificultaram a implementação de tecnologias digitais avançadas foram os altos custos, a falta de pessoal qualificado nas empresas e riscos econômicos excessivos.
O elevando aumento da digitalização nas empresas requer múltiplas medidas de segurança da informação. A Pintec Semestral revelou que o uso de antivírus (98,1%) para combater malware e e-mails fraudulentos foi a medida de segurança da informação mais adotada pelas empresas.
O método de controle de acesso à rede, restringindo a disponibilidade de recursos de rede para dispositivos e terminais, foi o segundo mais utilizado (96,8%) em 2022. A atualização de software (incluindo o sistema operacional) e o backup de dados em dispositivo separado (incluindo backup em nuvem) também foram mecanismos de segurança bastante utilizados pelas empresas buscando melhor segurança da informação.
Os dados da Pintec Semestral indicam uma tendência que se fortaleceu e deve ganhar mais adeptos conforme os exemplos atuais forem se beneficiando da adoção do teletrabalho em suas organizações.